sábado, 27 de setembro de 2008

Reflexão sobre concepções de currículo e avaliação

Os estudos propostos pela interdisciplina de Organização do Ensino Fundamental levaram-me a uma reflexão bastante importante. Há tempos não examinava os conceitos de currículo e avaliação existentes no Projeto Político Pedagógico e no Regimento Escolar da escola em que trabalho. Levantar este debate já foi por si só construtivo e conduzir a uma reflexão, sugerindo-nos mudanças ou não nestas concepções foi desafiador.
Na análise que fiz dos documentos propostos, conclui que contemplam de forma abrangente e construtiva, na teoria, o que se espera de uma escola com uma gestão democrática, voltada para o crescimento dos educandos em sua leitura de mundo e na formação de sua autonomia e cidadania. Então fiquei a pensar por que não conseguimos ainda usufruir deste ensino tão almejado? Por que nossos alunos ainda apresentam índices tão baixos de aprendizagem? Porque os educandos apresentam comportamentos tão preocupantes que oscilam entre a agressividade ao desinteresse pela vida escolar? Não pude achar outro culpado que não fosse nós mesmos educadores. Claro que não quero aqui, retirar a parcela de responsabilidade que cabe ao governo, à família e à sociedade. Todos temos que contribuir para a eficácia do ensino, mas quando disse que os culpados somos nós mesmos, é que pude perceber que ainda estamos longe de contemplar em nossa prática docente tudo que está proposto na teoria dos documentos. Ainda estamos muito atrelados à pedagogia tradicional, ainda lidamos com nossos alunos utilizando um dos tipos de dominação segundo Weber a "Dominação Tradicional", ainda valorizamos mais as provas e as notas do que a observação do crescimento e da aprendizagem ao longo do período, ainda damos aulas em que somos os "frascos cheios de conhecimento e os alunos os recipientes vazios" e ainda não buscamos com toda a nossa força a eticidade na prática docente da qual tanto escreveu Paulo Freire. Se todos são dotados de curiosidade, cabe a nós transformar a curiosidade ingênua em curiosidade epistemológica, transformando a nós mesmos, antes de querer modificar nossa prática docente. Procurando primeiramente nos reciclar, aprender de novo, nos atualizar e principalmente nos conscientizar de que não pode estar somente no papel uma concepção reformulada de currículo e avaliação, elas devem de fato constar em nossa prática diária.

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