quarta-feira, 26 de maio de 2010

TERCEIRA SEMANA

Apesar de já trabalhar há treze anos em sala de aula, minha experiência com alfabetização é pequena, pois trabalhei muito com terceira série. Neste ano, ao ser nomeada no município de Cachoeirinha, recebi uma turma de 2° ano e precisei me atualizar e me renovar. Procurei aproveitar o que aprendi nas interdisciplinas estudadas e me informar mais. Conversei com as colegas da escola e com a supervisora e me senti desafiada a enfrentar algo, de certa forma novo para mim. Tenho lido sobre os níveis de aprendizagem, e fico impressionada cada dia que observo o que aprendo na teoria sendo exemplificado na prática de sala de aula, no desmpenho das crianças. Percebi claramente a diferença de escrita entre os alunos que estão no nível silábico e dos alunos que estão nos níveis silábico-alfabético e alfabético respectivamente. Percebi a evolução de escrita dos alunos que estavam no nível pré-silábico e evoluiram através de suas observações e hipóteses. Percebo também o quanto é construtivo para as crianças conversarem entre sí para determinar a escrita de alguma palavra sem a minha interferência, desse modo eles fazem suposições e discutem explicando suas teorias uns para os outros. Percebi também que é bom juntar crianças de diferentes níveis na hora dos jogos de escrita de palavras, para permitir aos que ainda não chegaram no nível alfabético contrastar suas ideias. Acredito que eles aprendem melhor atuando junto uns dos outros. O mais importante de tudo é que estou perdendo o receio de trabalhar com alfabetização, principalmente usando o construtivismo, pois a experiência que tinha tido no passado era com o método silábico. Hoje vejo o quanto aqueles textos que usam palavras escritas com as sílabas aprendidas do tipo "Ivo viu a uva", limitam a expansão do aprendizado da criança e impedem os alunos que estão nos níveis anteriores ao silábico de irem adiante em suas aprendizagens.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

SEGUNDA SEMANA

Após algumas observações, reflexões e discussões dentro do ambiente escolar, concluí que a meta maior da educação é conduzir o aluno a aquisição da autonomia. Este é nosso grande objetivo como educadores e nosso maior desafio. Mas, quais os caminhos que levam a conquista desta tão importante habilidade? Lembrei-me de uma atividade realizada na disciplina de Didática, Planejamento e Avaliação, onde lemos um texto de Helen Bukley que falava sobre um menininho que gostava muito de desenhar e fazer coisas com barro mas, teve que aprender a esperar e a fazer tudo como a professora mostrava, embora gostasse mais das coisas que criava. Um dia, o menininho mudou de escola e não sabia mais como fazer as coisas sem que a professora fizesse primeiro. Este pequeno texto marcou-me muito e conduziu-me a reflexões importantes sobre a questão da autonomia dos alunos, principalmente os pequenos como os meus do 2° ano. Desde então procurei reforçar ainda mais a independência dos meus pimpolhos, valorizando suas produções, escutando suas sugestões, estimulando sua participação e aproveitando a ajuda de todos dentro da sala de aula. Percebi com isso, que meus alunos desenvolveram uma melhor compreensão dos acontecimentos a sua volta e que conseguem formular opiniões e manifestá-las com mais segurança, também expressam suas emoções através de atividades artísticas com mais naturalidade, aprendem a resolver seus conflitos com pouca ou quase sem intervenções. Atualmente só dou sugestões de como fazer algo, quando a criança solicita ou quando demonstra muita dificuldade, mesmo assim procuro oferecer-lhe mais que uma opção de escolha e incentivo-a a decidir sozinha o jeito que mais lhe agrada, sempre buscando a sua intervenção de forma a ajudar-lhe a conquistar sua autonomia.

terça-feira, 18 de maio de 2010

PRIMEIRA SEMANA

Resolvi começar por um assunto que considero bastante importante, se não fundamental no que diz respeito ao ambiente educacional, que são as relações entre os sujeitos. Observando meus alunos em situações em que estão trabalhando e eu estou corrigindo livros ou cadernos concentrada, sem que eles percebam presto muita atenção em suas conversas. Mantenho esta postura propositadamente para conhecê-los um pouco melhor, assim agem espontaneamente pois me percebem alheia aos fatos. Dessa forma consigo registrar certos comportamentos e atitudes que não seriam tão fáceis de se perceber se se sentissem observados. Como uma conversa sobre sexualidade que estava sendo discutida por um pequeno grupo durante o intervalo do lanche nesta semana. O grupo conversava e questionava os conceitos das palavras boiola e lésbica com muita segurança e naturalidade, o que talvez não acontecesse se cada um estivesse manifestando sua opinião diante do grupo. Achei extremamente interessante ver como crianças tão pequenas, que a maioria de nós adultos considera ingênuas, já constroem suas opiniões baseadas em vivências e situações presenciadas em seu meio. E com isso, eles mesmo vão ensinando e aprendendo uns com os outros conceitos que não são propriamente ensinados tradicionalmente na escola, mas esta acaba sendo o veículo que conduz a estas aprendizagens informais. Continuei alhei a conversa, pois não fui solicitada a participar dela, apenas ouvi atentamente. Refletindo sobre o fato, cheguei a conclusão de que é importante que as crianças conversem mesmo quando estão executando suas tarefas. Temos ainda aquela ideia de classes e cadeiras enfileiradas, de silêncio absoluto para representação da eficiência do trabalho escolar e é difícil se desvincular desse velho estigma, mas quando presencio pérolas como esta, vejo como a conversa e o barulho das crianças é proveitoso para seu crescimento como indivíduo e sinto-me extremamente feliz em presenciar tais fatos, prerrogativas de quem exerce esta profissão árdua e maravilhosa de ser educadora.