terça-feira, 18 de maio de 2010

PRIMEIRA SEMANA

Resolvi começar por um assunto que considero bastante importante, se não fundamental no que diz respeito ao ambiente educacional, que são as relações entre os sujeitos. Observando meus alunos em situações em que estão trabalhando e eu estou corrigindo livros ou cadernos concentrada, sem que eles percebam presto muita atenção em suas conversas. Mantenho esta postura propositadamente para conhecê-los um pouco melhor, assim agem espontaneamente pois me percebem alheia aos fatos. Dessa forma consigo registrar certos comportamentos e atitudes que não seriam tão fáceis de se perceber se se sentissem observados. Como uma conversa sobre sexualidade que estava sendo discutida por um pequeno grupo durante o intervalo do lanche nesta semana. O grupo conversava e questionava os conceitos das palavras boiola e lésbica com muita segurança e naturalidade, o que talvez não acontecesse se cada um estivesse manifestando sua opinião diante do grupo. Achei extremamente interessante ver como crianças tão pequenas, que a maioria de nós adultos considera ingênuas, já constroem suas opiniões baseadas em vivências e situações presenciadas em seu meio. E com isso, eles mesmo vão ensinando e aprendendo uns com os outros conceitos que não são propriamente ensinados tradicionalmente na escola, mas esta acaba sendo o veículo que conduz a estas aprendizagens informais. Continuei alhei a conversa, pois não fui solicitada a participar dela, apenas ouvi atentamente. Refletindo sobre o fato, cheguei a conclusão de que é importante que as crianças conversem mesmo quando estão executando suas tarefas. Temos ainda aquela ideia de classes e cadeiras enfileiradas, de silêncio absoluto para representação da eficiência do trabalho escolar e é difícil se desvincular desse velho estigma, mas quando presencio pérolas como esta, vejo como a conversa e o barulho das crianças é proveitoso para seu crescimento como indivíduo e sinto-me extremamente feliz em presenciar tais fatos, prerrogativas de quem exerce esta profissão árdua e maravilhosa de ser educadora.

Um comentário:

Anice - Tutora PEAD disse...

Olá, Andreia:

Que bom que retornaste ao blog!

Tua reflexão está bárbara, pois trazes uma situação mostrando o quanto esta te suscitou e as conclusões que tiraste a partir dessa experiência.

Grande abraço, Anice.